Testamento de D. Maria Rita Doroteia Lisboa Montanha, viúva do Tenente - Coronel Alexandre José Montanha
1821, Fevereiro, 17
Arquivo Nacional da Torre do Tombo,
Registo Geral de Testamentos,
Livro 375,
fl. 169-169v.º
D. Maria Rita Doroteia Lisboa Montanha, viúva do Tenente - Coronel Alexandre José Montanha.
Testamenteira Ana Jerónima do Carmo, solteira, moradora na Rua direita da Anunciada, freguesia de S. José e na sua falta Francisco da Mota.
Declara ser natural de Lisboa, filha legítima do “Sr. José Francisco Lisboa e da S.ra D. Eufrazia Thereza Roza, já falescidos”, viúva do Tenente - Coronel de Engenharia Alexandre José Montanha, de cujo o matrimónio não ficaram filhos; não tendo ascendentes nem descendentes pode dispôr livremente de todos os bens.
Determina que no dia do falecimento “ou no Seguinte quando já não sejão horas competentes se mandem dizer 6 Missas de Corpo prezente” de esmola de 240 reis e “pello tempo em diante” mais 20 missas de esmola de 200 reis, todas pela sua Alma, e 10 missas da mesma esmola pela Alma do marido; e que dê ao Pároco da freguesia em que morrer 1600 reis, ficando todas as despesas do funeral ao arbítrio dos testamenteiros “recomendando-lhes se faça com a maior moderação, e sem fausto sempre improprio de semelhante acto”.
Legados:
a Jacinta Isabel da Silva “por muito particulares motivos de amizade que lhe devo”, 38400 reis; a Luís António Afonso “meu Criado pelo bem que me tem servido e espero continue do mesmo modo”, 48000 reis além de metade do seu ordenado que se lhe deve e se estiver a dever ao tempo do falecimento, porque da outra metade é responsável a herança de minha irmã D. Ana Catarina de Sena Lisboa, “e a deve haver da sua respectiva herdeira”.
Declara ser credora por escritura pública de “avultada soma” a Roque Lourenço de Aguiar e sua mulher, correndo litígio contra seus filhos e herdeiros na Correição do Cível da cidade;
credora também de “meu primo” o Ex.mo Vice Almirante Joaquim José Monteiro Torres, “de resto de maior quantia” de cujo pagamento está encarregado Agostinho Jacó, cunhado do sobredito, “do qual se haverá o dito resto”.
Declara que lhe devem muitos anos da tença que leva no Almoxarifado da Portagem constante do respectivo padrão, e vários anos do Monte Pio pela patente do marido, “conforme o Tittulo que se me passou”;
finalmente, declara ser credora ao Real Erário de diversas quantias provenientes dos contratos de que o pai foi rematante e sócio por adiantamentos feitos ao mesmo Real Erário.
Com a cobrança destes e de outros créditos, os testamenteiros satisfarão as disposições e legados, “e metade da divida de que já sou devedora ao Srº Francisco da Motta, e do mais que se lhe estiver devendo ao tempo da minha morte por que da outra metade de todo seu credito a esse tempo he responsavel a herança da dita minha Irmã D. Anna Catharina de Senna Lisboa, e hoje a sua Universal herdeira havendo-se por Liquidada a divida pela conta que o mesmo Senhor aprezentar pella sua notoria verdade”; os testamenteiros satisfarão alguma outra quantia de que seja devedora.
No remanescente “de todos os meus bens direitos e açoens” institui herdeira universal Ana Jerónima do Carmo, afilhada do pai e da irmã, “que vive na minha companhia e de que tenho todas as provas de amor, e amizade tratando me nas minhas molestias com todo o cuidado, e em saude com o maior affecto, e carinho”, e nomeia testamenteira, e na falta desta a seu tio, Francisco da Mota para cumprimento das disposições.
“(…) por não poder escrever pela Lezão com que me acho na mão direita roguei ao S.r Joaquim Herculano Ferreira de Campos que este por mim escrevesse e o assignasse”.
Lisboa 17 de Fevereiro de 1821.
Aprovado a 18.2.1821 em casa da testadora, que se achava enferma de cama, na Rua da Conceição n.º 15, pelo Tabelião João Caetano Correia, na presença das seguintes testemunhas: Casimiro Joaquim Lúcio, com fábrica de caixas na Rua Nova do Carmo,
Francisco José de Sena, fabricante de pentes,
Alexandrino José Duarte “da mesma arte”, todos moradores na Rua Nova do Almada, Guilherme Ferreira, marceneiro com loja na mesma rua,
Joaquim José de Barros, latoeiro de folha branca, morador na Calçada de S. Francisco, que assinaram.
O testamento foi aberto a 15.2.1823 após a morte da testadora.
Foi registado a 16.6.1824 pelo Escrivão proprietário do Registo Geral de Testamentos, José Januário Fernandes Branco.
À margem: Testamento do marido registado no livro 347.
O testamento anterior (fl. 168v.º-169) é da irmã da testadora, D. Ana Catarina de Sena Lisboa, datado de 21.4.1819, aberto a 19.9.1820.
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