sábado, 8 de setembro de 2007

a) Habilitação da Ordem de Cristo de Alexandre José Montanha

Habilitação da Ordem de Cristo de Alexandre José Montanha

1765-1766
Arquivo Nacional da Torre do Tombo,
Habilitações da Ordem de Cristo,
letra A,
Maço 22,
n.º 6

Fl. 2-2v.º (sem número)
Diz “Alexandre Jozé Montanha”, Capitão de Infantaria com exercício de Engenheiro “que passa a servir Vossa Magestade prezentemente a America, morador em a rua de N. Snr.ª dos Prazeres em o sitio do Pombal, filho de José da Costa Montanha, que Vossa Magestade foi servido fazer lhe merce do habito de Christo”;
pede para o Rei mandar passar as ordens necessárias para fazer a habilitação.
Declara ser natural de Lisboa, baptizado na freguesia de Nossa Senhora da Pena, morando seus pais na Rua de Santo António;
filho legítimo de José da Costa Montanha, natural e baptizado na freguesia de Santa Catarina do Monte Sinai, e de sua mulher D. Leocádia Teresa Rosa, natural e baptizada na freguesia da Pederneira;
neto paterno de Diogo Ribeiro Carreira, natural da freguesia de Oeiras, e de sua mulher Isabel Delgada, natural e baptizada na freguesia de Nossa Senhora da Ajuda da vila de Peniche;
neto materno de José da Rosa Pinto, natural e baptizado na vila da Pederneira, e de sua mulher D. Josefa Maria Rosa, natural de Lisboa, baptizada na freguesia dos Mártires.
Diz juntar uma certidão do Santo Ofício da habilitação de sua irmã do primeiro casamento do pai, D. Violante Barbosa de Macedo;
declara ter dois tios em segundo grau Cavaleiros da Ordem de Cristo, ambos da parte de sua mãe:
Francisco José da Rosa Pinto, filho do Dr. Manuel da Rosa Pinto, irmão de José da Rosa Pinto avô do suplicante,
e Guilherme José de Carvalho Bandeira, filho de António Guilherme e de sua mulher Francisca Maria dos Anjos, irmã de D. Josefa Maria Rosa, avó do suplicante.
Ass. “Alexandre Jozé Montanha

Fl. 4 (sem número)
Resumo das inquirições sobre a mãe do habilitando na Nazaré, Pederneira e Peniche;
diz haver equívocos sobre a mãe por ter o pai do justificante casado duas vezes;
a mãe e o avô materno eram da Nazaré, de limpo sangue e vivendo “com grabidade e sem ocupações mecanicas”;
a avó materna era de Peniche onde não se conseguiram informações sobre ela “e so tem a certesa de que todas as familias Delgado da dita vila e desta da Atouguia herão de limpo sangue sem fama ou rumor em contrario, e como humas Netas da dita Isabel Delgada se acham habilitadas pello Santo Oficio por serem os Maridos familiares do dito Tribunal, que são Irmaas do Justificante”;
29.11.1765, ass. Fr. Manuel Correa de Mesquita Barba

Fl. 4-14 (numerado)
Inquirições na vila da Pederneira
23.11.1765 - Testemunhas:

- Padre João Luís da Rosa, Beneficiado na Colegiada de Santa Maria dos Areias desta vila; sabe que José da Costa Montanha viveu nesta vila onde foi escrivão da Misericórdia, como ele tem visto nos livros da dita Santa Casa;
conhece duas filhas deste casadas no sítio da Nazaré, D. Luísa casada com o Capitão Francisco Solano de Almeida, e D. Violante viúva de Caetano Duarte Ferreira de Barbuda, ambos habilitados para o Santo Ofício

- Padre José Gomes Pais, Presbítero do hábito de S. Pedro, natural e morador nesta vila, de c. 60 anos; ouviu dizer que o avô José da Rosa Pinto era médico.

- Maria de Santo António, moradora nesta vila, de c. 64 anos;
diz ter conhecido a José da Costa Montanha e a sua mulher, mas que esta não se chamava D. Leocádia mas D. Violante, segundo se lembra.

Inquirições na Nazaré
25.11.1765 – Testemunhas:

- José Carvalho, oficial de ourives, morador no sítio da Nazaré, termo da vila da Pederneira, de c. 70 anos;
José da Costa Montanha foi muitos anos “escrivão das madeiras de Sua Magestade”, casado 1.ª vez com “Dona Violante do Souto Velho” de quem tivera duas filhas, e 2.ª vez com D. Leocádia Teresa Rosa, filha de José da Rosa Pinto e Josefa Maria Rosa, que também conheceu, ele natural desta freguesia e ela de Lisboa, recolhida na Santa Casa da Misericórdia onde ele casara com ela.

- António de Abreu, escrivão proprietário do judicial e notas e orfãos da vila da Pederneira, morador na Nazaré, de c. 67 anos.

- Inês de Barros, mulher donzela, natural da Pederneira e moradora na Nazaré, de c. 65 anos; diz que José da Rosa Pinto tinha um irmão médico, Manuel da Rosa Pinto.

- Ana Ribeiro, viúva de José Alonço (?), moradora neste lugar, de c. 70 anos; do 2.º casamento nasceu o suplicante e uma irmã, D. Teresa;
D. Leocádia nasceu aqui mas foi nova para Lisboa onde casou com José da Costa Montanha.

- João de Abreu, que vive de suas fazendas, natural e morador na Nazaré, de c. 65 anos;
José da Costa Montanha foi para Lisboa depois de enviuvar, onde casou 2.ª vez;
diz que José da Rosa Pinto for a “despachado com o posto de Cappitam para Cacheo”.

- Padre Clemente Rebelo de Caria, Capelão na Igreja de N.ª Sr.ª da Nazaré, e morador neste lugar, natural da Pederneira, de c. 55 anos.

Inquirições na vila da Pederneira
26.11.1765 – Testemunhas:

- Tomás da Cruz Delfim, escultor, morador nesta vila, de c. 75 anos.

- Inácia Teresa de Jesus, mulher de Tomás da Cruz Delfim, de c. 85 anos;

Inquirições em Peniche
27.11.1765 – Testemunhas:

- Raimundo Gomes, que vive de suas fazendas, morador nesta vila, de c. 76 anos;
não conheceu Isabel Delgado mas todas as pessoas de apelido Delgado eram de limpo sangue, sem fama alguma.

- Domingas Francisca Delgada, solteira, natural desta vila, de c. 58 anos;
diz que uma tia falava de uma Isabel Delgado que tinha ido para Lisboa onde casara com um fulano Ribeiro Carreira, sendo a dita tia parente e hóspede de casa destes.

- Padre João Luís Palhano, Presbítero do hábito de S. Pedro, morador nesta vila, de c. 70 anos.

- Doutor Sebastião de Matos Franco, médico do partido desta vila, de c. 68 anos.

- João Domingues, homem do mar, morador nesta vila, de c. 80 anos.

31.11.1765 – Testemunhas:

- António Martins Rolão, homem do mar, natural e morador nesta vila, de c. 76 anos.

- Padre Pedro Pires Rolim, Presbítero do hábito de S. Pedro, morador em Peniche, de 65 anos.

- Antónia Martins, a Santa, viúva de Pedro Martins, homem do mar, moradora nesta vila, de c. 57 anos.

Inquirições em Atouguia
28.11.1765 – Testemunhas:

- Padre José Luís de Faria, Bacharel formado em Cânones e Vigário da freguesia de S. Leonardo da vila de Atouguia, de c. 44 anos.


Fl. 1 (nova numeração)
Inquirições em Lisboa e Oeiras por Frei Manuel de Santa Ana Freire e Frei Estácio Manuel de Aragão Carneiro

Fl. 3-8
Inquirições em Lisboa
14.11.1765 – Testemunhas:

- Manuel José, criado de Luís José de Brito, Contador do Erário Régio, morador na Rua dos Prazeres, freguesia de Santa Isabel, de c. 40 anos;
é Capitão de Engenharia em cujo posto vai partir para a Baía.

- António Gonçalves, com loja de mercearia na Rua dos Prazeres, de 56 anos.

- Rosa Maria Joaquina, criada de Cristovão Luís Gil, moradora na mesma rua, de 48 anos;
o justificante tem cerca de 30 anos e a testemunha conheceu os pais que moraram na Rua da “Mandragôa”;
o justificante “por seus principios for a criado grave da Caza do Calhariz donde for a aprender a Engenharia, e que presentemente ouvio dizer era Capitam della, e estava a partir para a Cidade do Rio de Janeiro”;
o pai tratava-se “limpamente” e a mãe muito recolhida, tendo depois de viúva ido “para criada grave da Condeça de Valladares”.

- Francisco Xavier Couceiro, Cavaleiro Fidalgo da Casa de Sua Majestade, Escrivão da acessoria do Conselho de Guerra, de 68 anos, morador na mesma rua;
o justificante tem cerca de 38 anos; vai para o Rio de Janeiro.

- Frei António Félix Curvo Semedo, Cavaleiro Professo na Ordem de Cristo, de c. 50 anos, morador na mesma rua;
vai para o Rio de Janeiro.

- Alexandre de Sousa Barroso, “Cidadão desta Cidade” e Escrivão proprietário e Meirinho geral do Tribunal da Legacia, morador na cerca de S. Bento, freg. de St.ª Isabel, de 73 anos;
diz que o justificante é morador na Travessa do Pombal na Rua de N.ª Sr.ª dos Prazeres;
o pai do justificante “fora na sua mocidade secretario do Conde de Val de Reys velho e depois caindo em pobreza assistia em sua caza escrevendo alguns papeis e fazendo outras contas tocantes ao negocio de que era encarregado por muitos homens delle pela sua intelligencia, e letra”;
a mãe depois de viúva for a para “Dona da Condeça de Valladares aonde existia ainda hua Irmá do habilitante”.

15.11.1765 – Testemunhas:

- José de Sousa , mestre carpinteiro de seges, morador na Calçada do Combro, freguesia de Santa Catarina, de 47 anos;
diz que os pais do justificante viveram na Rua do Sol;
fora criado grave da Casa do Calhariz “donde se aplicára á Engenharia, e por onde subira ao posto de Capitam della”;
vai para o Rio de Janeiro;
o pai do suplicante servira na superintendência de Mafra “e depois se ocupava em fazer varios papeis em sua caza tocantes a negocios, sem que lhe conheça outro algum exercicio mecanico, nem ouvio dizer o tiveice”;
a mãe fora para “o exercicio de Dona da Caza da Condeça de Valladares onde falescera”.

16.11.1765 – Testemunhas:

- Padre António de Paiva Silva e Castro, Sacerdote do hábito de S. Pedro, morador na Rua da Rosa das Partilhas em casa do Ex.mo Conde de Valadares, de 48 anos;
o justificante “se criara nobremente nos estudos em caza de seus Pays;
depois for a Escudeiro da Princeza de Ostem (sic) mulher de D. Manoel de Souza Calhariz, e que desta Caza fora aprender a Engenharia”;
o pai servira “sempre” de secretário do Conde de Vale de Reis velho;
a mãe depois de viúva viera para casa da Condessa de Valadares “para ser Dona della em cujo exercicio falescera”.

- Vicente Pedro de Meireles, criado grave do Ex.mo Conde de Valadares, de 53 anos;
diz que o pai falecera na ocupação de secretário do Conde de Vale de Reis “sem que lhe conste que tivesse outra”;
“todos tidos por pessoas nobres sem outro exercicio em bem reputados no sangue”.

18.11.1765 – Testemunhas:

- Manuel de Mendonça, criado grave do Ex.mo Conde de Vale de Reis, morador ao Senhor Jesus da Boa Morte, de 57 anos;
o pai for a secretário do Conde de Vale de Reis velho, sem lhe conhecer outro exercício

19.11.1765 – Testemunhas:

- Capitão Jorge Rodrigues de Carvalho, morador na Rua direita de Belém, freguesia da Ajuda, de 52 anos;
a avó materna tinha alguns parentes habilitados como Guilherme José de Carvalho Bandeira, Cavaleiro professo na Ordem de Cristo.

20.11.1765 – Testemunhas:
- Catarina Álvares Carneiro, criada de Luís Francisco, cozinheiro do Ex.mo Conde de Vila Nova, moradora na Rua direita de Santos, de c. 70 anos; conheceu a mãe e avó do justificante;
a avó “fora sempre mulher recolhida servindosse sempre com suas criadas, sem exercicio algum”.

Fl. 9
Relatório:
O justificante é morador na Rua dos Prazeres, sítio do Pombal, freguesia de Santa Isabel, casado, sem defeito algum pessoal;
foi criado grave da Casa de D. Manuel de Sousa Calhariz e dali frequentara Engenharia até ao posto de Capitão, indo proximamente para o Rio de Janeiro;
o pai for a sempre secretário do Conde de Vale de Reis velho sem nunca ter tido outro exercício “e somente o de fazer em caza alguns papeis e contas pertencentes a negocio em que era imcumbido por muitos homens delle pela sua capacidade, e boa letra”;
a mãe tratou-se sempre “com estimação e recolhimento” e depois de viúva foi Dona da Condessa de Valadares, em cuja casa morreu;
a avó materna foi sempre muito recolhida “tratandosse limpamente com suas criadas, sem exercicio algum mecanico”;
do avô paterno nada se apurou, nem em Lisboa nem em Oeiras.
26.11.1765

Fl. 10
Aprovado o suplicante, excepto na qualidade do avô paterno sobre o qual nada se apurou, sendo “todos bem reputados no sangue”;
pelo impedimento será necessária dispensa do Rei. 24.4.1766.
Aprovado pela Mesa da Consciência e Ordens depois de dispensado pelo Rei dos impedimentos do despacho anterior.
10.12.1766

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